As lavouras de seringueiras ganharam reforço fitossanitário na última semana com implantação da Comissão Técnica Regional de Prevenção e Controle da Crosta Negra da Seringueira (CN) para o Estado da Bahia (CTRPCCN-BA) pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). O objetivo é sugerir ações, campanhas e procedimentos que possam ajudar no controle da praga nas áreas com ocorrência da Crosta Negra e evitar a sua disseminação para outras áreas onde a doença não esteja presente no Estado, além de manter estreita articulação com as prefeituras municipais, Ministério Público, assim como, os segmentos envolvidos com a produção agrícola.

A Adab convidou a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (URFB) para integrar a CTR, junto com a Associação Baiana de Empresas de Base Florestal (ABAF), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC/MAPA), Agro Ituberá, Secretaria de Agricultura de Ituberá, Diretoria de Agricultura e Pesca de Igrapiúna, as cooperativas COOPAFBASUL, COVB, COOEP e COOAFI, além da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR/BAHIATER), Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (Seagri), Superintendência Federal de Agricultura na Bahia (SFA/BA), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF Baiano), Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

O estado da Bahia se destaca entre os principais produtores de borracha do país, ocupando o 4º lugar com uma produção de 13.723 toneladas de borracha seca produzidas em uma área de 23.627 hectares (IBGE, 2021). “Esta posição já foi mais favorável, quando a Bahia manteve a hegemonia nacional entre os anos de 1988 a 1990, passando a 2º lugar até o ano 2018, após o estado de São Paulo, 1º produtor de borracha natural do país”, informa o diretor de Defesa Vegetal da Adab, Celso Duarte. Entre os fatores relacionados ao declínio da produção de borracha natural na Bahia ele aponta o estado de envelhecimento de uma parcela dos seringais, a escassez de mão-de-obra qualificada para sangria e, “principalmente, a ocorrência de problemas fitossanitários, agravados com o aparecimento crescente de pragas oriundas de outras regiões”.

“A heveicultura é uma atividade de importância econômica e social, pela geração de emprego e renda, atendendo pequenos produtores e agricultores familiares, estando presente nos Territórios de Identidade do Baixo Sul, Litoral Sul, Costa do Descobrimento, Extremo Sul, Recôncavo, Vale do Jiquiriçá e Médio Rio de Contas. Por isso, a participação da academia e demais elos da cadeia produtiva nas ações de combate às pragas é fundamental. Assim, teremos direcionamento com bases científicas nas atividades e as devidas sinalizações do setor produtivo para validar resultados efetivos”, diz o diretor geral da Adab, Lázaro Pinha. Entre as regiões produtoras de borracha natural do Estado, o Polo Baixo Sul, maior produtor, registrou queda na produção de aproximadamente 50% no ano de 2020, comparado com a média regional, comprometendo a atividade nos seguintes municípios: Ituberá, Igrapiúna, Camamu, Valença, Presidente Tancredo Neves, Taperoá, Nilo Peçanha, Teolândia, Wenceslau Guimarães, Piraí do Norte, Ibirapitanga e Maraú.

A queda da produção baiana vem se agravando desde 2017, quando foi constatada a presença da doença Crosta Negra, provocando danos em viveiros e jardim clonal de seringueira no município de Igrapiúna. Em seguida, a doença foi disseminada nos seringais da região, onde encontrou condições ambientais favoráveis para a manifestação de epidemias severas. “O fato preocupante é que a crosta-negra pode se expandir para outros municípios e outros estados, causando danos acentuados na produção e na renda dos heveicultores”, ressalta Epaminondas Peixoto, engenheiro agrônomo da Adab, responsável pelas ações de controle das pragas dos seringais no Extremo Sul. Segundo ele, a grande malha viária e o fluxo de caminhões coletores de látex e coágulos de borracha entre os seringais aumenta o risco iminente de disseminação da praga para áreas onde ainda não está presente no território baiano, podendo acarretar graves consequências econômicas, sociais e ambientais.

A integração da Comissão Técnica Regional de Prevenção e Controle da Crosta Negra da Seringueira aconteceu na última sexta-feira (08), no Extremo Sul do estado.