Para sanar os danos causados pela mosca negra na cultura do citros na Bahia, o secretário da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do Estado, Vitor Bonfim, esteve reunido com representantes da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), do Consórcio do Território do Recôncavo (CTR) e do Serviço Territorial de Apoio às Agriculturas Familiares (Setaf), na última terça-feira (14), para discutir a implantação do Plano de Ação do Controle da Mosca Negra, a fim de definir métodos de manejo e mitigação da praga.

A criação do Plano foi motivada pela queda da produção de citros na região do Recôncavo desde 2014, causada pela mosca e, mais precisamente, pelo fungo Fumagina. A Mosca Negra dos Citros (Aleurocanthus woglumi) foi detectada pela primeira vez no Brasil em 2001, na região metropolitana da cidade de Belém, no Pará. De origem asiática, essa praga causa danos diretos e indiretos aos citros e prejudica o desenvolvimento e a produção das plantas.

A Bahia é o segundo maior produtor nacional de citros, com área plantada de 10 mil/ha, produzindo 169.928 toneladas de frutos e gerando uma receita bruta de R$ 74,9 milhões (IBGE/SIDRA, 2014). Trata-se de uma cultura importante na geração de renda de médios produtores e na agricultura familiar. “A citricultura é de extrema importância para a economia baiana, especialmente por ser uma cultura responsável pela movimentação de mercado e geração de empregos na região do Recôncavo. Em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado (SDR), a Secretaria da Agricultura Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do Estado (Seagri) está empenhada em restaurar a citricultura baiana”, ressalta Bonfim.

O encontro contou com a contribuição do especialista em mosca negra, o professor Wilson Mello Maia, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Pará), para tratar dos aspectos científicos do Plano. Segundo ele, a característica biológica da mosca dificulta o controle e facilita a disseminação, sobretudo em relação aos pequenos produtores. “Para obter êxito no combate à mosca negra, é preciso que o produtor tenha conhecimento quanto ao tipo de produto e, principalmente, a forma de aplicação, em vistas da dificuldade para perceber os aspectos que revelam a presença da praga. Uma vez que esta aplicação não seja bem feita, a mitigação da praga não será eficaz”, explica.

Estratégias de ação

Para contornar a atual situação, serão estabelecidas estratégias de ação, como: realização de seminários – um regional e dez municipais - para que citricultores, técnicos e instituições envolvidas com a cultura possam conhecer melhor a praga e assim facilitar as ações de controle; aquisição de equipamentos para aplicação de insumos e implantação de uma biofábrica de inimigos naturais da mosca negra.

Com o intuito de facilitar essas ações, o território do Recôncavo Baiano será dividido em três núcleos, englobando os municípios mais próximos para o combate simultâneo. Esses núcleos contarão com equipamentos e insumos, capazes de reduzir a reinfestação dos pomares, em função da praga se abrigar nos cultivos vizinhos e não controlados, como ocorre atualmente.

A primeira ação de controle será a supressão populacional feita com duas aplicações de agrotóxicos com intervalo de 30 dias e também com produtos alternativos, como óleo vegetal e detergente neutro. Feito isso, os inimigos naturais serão reproduzidos na biofábrica e liberados por inundação nos pomares cítricos. Os agricultores também serão estimulados a adotarem boas práticas de manejo da cultura, especialmente com o uso de mudas de boa qualidade, uso racional de fertilizantes e dos recursos naturais.

Fonte: Ascom/Seagri