Nos últimos 18 meses, o comércio em todos os 27 territórios de identidade da Bahia passou por vistoria das equipes de Inspeção da ADAB (Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia) para averiguar a procedência, acondicionamento e validade dos produtos de origem animal expostos em vitrines e freezers instalados em centrais de abastecimento, açougues e mercados.

“No início de 2021, voltamos a conversar com os novos prefeitos ou representantes destes para firmar parcerias e ampliar nosso time com agentes da Vigilância Sanitária vinculada à cada cidade com o objetivo de unificar resultados e orientar os comerciantes a trabalhar cada vez mais em prol de ofertar alimentos seguros à população”, explica Maurício Bacelar, diretor-geral da ADAB, após a equipe da agência encontrar diversos equipamentos de refrigeração trancados com o objetivo de impedir a presença da fiscalização em Conceição do Coité.

“Escapar do flagrante momentâneo não significa estar em consonância com os interesses da população, ao contrário. Solicitamos a presença da Vigilância para abrir os freezers e foi constatada a presença de carne misturada a pés bovinos em equipamentos fétidos e sem nenhuma higiene”, diz Ednilton Brito, coordenador das operações de combate ao abate clandestino da ADAB. “Por isso é importante a presença da vigilância e apoio da Polícia Militar nas ações. É fundamental que as prefeituras estejam fechadas conosco para ampliarmos a conscientização dos comerciantes", reforça.

 Em Conceição do Coité, 140 kg de carne bovina foram apreendidos e levados à destruição em graxaria por falta de comprovação da origem e armazenamento em temperatura inadequada.


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Ações educativas

 

Nos locais visitados, as equipes improvisam ações educativas com palestras rápidas mas eficazes. “O que temos percebido é que a população já passou a entender o que acontece caso consuma produtos não inspecionados, ou seja, oriundos do abate clandestino e de locais sem higiene que oferecem inúmeros riscos à saúde pública”, diz Ednilton.

“De fato, as equipes de fiscalização já detectam, entre os populares, um comportamento diferente em cidades onde antes existia trânsito intenso de cargas pecuárias ilegais e comercialização de carne clandestina. Ainda não é o ideal mas há uma melhor conscientização”, destaca Maurício.

“A rotina do comércio em algumas cidades, a exemplo de Serrinha, Biritinga, Bom Jesus da Lapa, Serra do Ramalho, Castro Alves, Eunápolis e toda a área do Vale do Jiquiriçá já apresenta outra realidade após as primeiras visitas de nossos agentes, o que tem nos orgulhado, pois trabalhamos com a intenção de defender a população e trazê-la para o nosso time. Quanto mais fiscais voluntários melhor para a saúde pública, para o bem estar animal, para o meio ambiente e para o fim da clandestinidade”, ressalta o dirigente da ADAB.

Em dois dias, as equipes estouraram três currais de abate clandestino em situação de descaso com a saúde pública, na zona rural do município de São Domingos, no Território do Sisal. “Havia muita pele, sangue e cabeças de gado abandonadas nos terrenos, o que se configura em gravíssimo ataque ao meio ambiente. Os termos de registro foram lavrados para encaminhamento ao Ministério Público, caso solicitados.

Em Ipirá, a equipe flagrou ainda dois outros currais de abate no distrito de Lagoa da Pedra e na zona de Pé de Serra. Nos locais, foi apreendida uma tonelada de carne já despostada, pronta para ser comercializada. “A carne misturada em meio a mato, lixo e urubus, por isso, foi encaminhada à destruição", enfatiza Ednilton.


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Rótulos ilegais

 

Já em Brumado as equipes flagraram queijo mussarela sendo comercializado através de uma empresa com registro já cancelado junto à ADAB, além de carnes clandestinas. Todo o material foi apreendido e destruído.

No Território do Sertão Produtivo, a fiscalização identificou fornecedores clandestinos e açougueiros comercializando produtos em mercados municipais. “Depois de notificados, eles participaram de palestra onde reforçamos que as investigações seguem e, caso existam outras ramificações, todos os responsáveis serão punidos conforme determina a lei”, diz Delcarlos Martinez, médico veterinário e coordenador de uma das equipes.


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