Para garantir a sanidade do rebanho baiano, evitando a introdução da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB – “Mal da vaca Louca”), a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, está intensificando as fiscalizações em fazendas da região de Feira de Santana. Durante a última semana, fiscais estaduais agropecuários da Adab visitaram propriedades e recolheram amostras de alimentos para identificar o uso da cama de frango, prática proibida no Brasil há oito anos e caracterizada pela mistura da proteína animal na alimentação dos bovinos. Em três fazendas a Adab flagrou a utilização da cama de frango. As propriedades já foram notificadas e, seguindo as determinações legais, os 62 animais existentes serão encaminhados para o abate sanitário nos próximos 30 dias.

“Este é um assunto que envolve saúde animal, saúde pública, com reflexos também para a agropecuária baiana e brasileira”, ressalta o Diretor Geral da Adab, Paulo Emílio Torres. “Por isso, as fiscalizações são criteriosas e seguem rigorosamente a legislação sanitária, evitando prejuízos sociais e econômicos”, complementa Torres. As ações aconteceram após denúncias feitas na Coordenadoria Regional de Feira de Santana por produtores da região. “O produtor consciente entende que a Adab é sua parceira na busca pela sanidade do rebanho e melhoria da pecuária. Como conhece e confia na instituição, sabe que pode denunciar atividades que coloquem em risco o negócio pecuário porque tem a certeza de que a Adab vai cumprir com seu papel de proteger a agropecuária baiana”.

Os criadores notificados alegaram usar a cama de frango em função do prolongado período de estiagem que provocou a escassez de alimentos para o gado. O Governo do Estado criou o Comitê Estadual para Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca, sendo um dos objetivos criar alternativas de alimentação para os rebanhos dos produtores afetado pela seca, por meio da Conab que está viabilizando a aquisição de milho para alimentar o rebanho na área afetada pela seca. A Adab vai fornecer ao produtor rural uma ficha sanitária, contendo o quantitativo de animais cadastrados no Sistema de Integração Agropecuária (Siapec). Com esse documento em mãos, o produtor pode se dirigir à sua entidade de classe ou EBDA para se cadastrar no Programa de Vendas em Balcão para compra de milho da Conab para alimentar seus animais. “A meta é unir esforços para salvaguardar a agropecuária baiana e minimizar os problemas causados pela seca, oferecendo condições para o produtor desenvolver sua atividade sem maiores prejuízos e manter a sanidade de seu rebanho”, enfatiza o Diretor de Defesa Sanitária Animal, Rui Leal.

Embora nenhum caso do “Mal da Vaca Louca”, como é popularmente conhecida a EEB, tenha sido registrado no país, o Ministério da Agricultura mantém o estado de alerta com relação à enfermidade para proteger o rebanho. A doença surgiu na Europa, pela primeira vez, em 1986. “Ela tem um período de incubação que pode alcançar até dez anos e é transmitida ao homem através do consumo da carne contaminada pela proteína infectante”, explica o Coordenador do Programa de Raiva dos Herbívoros da Adab, José Neder. “E, assim como nos animais, a doença em humanos é incurável e fatal”.

Todas as amostras de alimento servido ao gado nas fazendas da região de Feira de Santana serão direcionadas para exames laboratoriais. Se a for confirmada a presença de proteína animal, o laudo é encaminhado ao Ministério Público Estadual e o infrator pode ser processado por crime contra a saúde pública.

Ascom / Adab