Após realizar levantamentos de detecção e identificar focos da Sigatoka-negra nas lavouras do Recôncavo Baiano (Cruz das Almas e Maragogipe), adotando medidas fitossanitárias para minimizar o risco da disseminação da doença, os fiscais da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri), elaboraram um Plano de Contingência da praga. O objetivo é minimizar os impactos econômicos, sociais e ambientais para o Estado causados pela Sigatoka-negra, mais grave doença da bananeira e causadora de perdas de até 100% da produção. “A produção de banana tem importância socioeconômica significativa, com área total de 80.000 hectares, gera dois empregos por hectare na Bahia. o negócio da banana movimentou R$1,709 bilhão em 2014, e cerca de 77,5% das propriedades de são de pequenos agricultores, com até 20 ha. Caso a Sigatoka-negra se dissemine por todo o Estado, o impacto socioeconômico será incalculável para todos os elos da cadeia produtiva”, ressalta o secretário estadual de Agricultura, Vitor Bonfim.

O Plano delimita os locais de ocorrência da praga restritos ao Recôncavo e Extremo Sul do Estado; estabelece a implantação e manutenção do sistema de mitigação de risco (SMR), para viabilizar a comercialização dos produtos de áreas com ocorrência da praga; intensifica a fiscalização do trânsito entre as áreas de foco e as sem ocorrência e propõe campanhas educativas para a conscientização dos envolvidos no agronegócio da banana. Nas regiões onde a doença foi identificada, os produtores comerciais já estão adotando as medidas de mitigação de riscos. 

A prioridade é estabelecer Áreas Livres da Sigatoka-negra no território baiano, pós-entrada da praga, delimitada à esquerda da BR-101, contemplando cerca de 70% do Estado. A Adab busca esse status junto ao Ministério da Agricultura (Mapa), que permitirá aos produtores a comercialização das frutas produzidas nesta região. Os polos de produção classificados de alto risco para a ocorrência da praga, a exemplo do sudoeste baiano, terão destaque quanto às ações de vigilância, educação sanitária e adoção das medidas fitossanitárias para o controle. “O objetivo das ações de governo é proteger a agropecuária baiana, principalmente a fruticultura, evitando prejuízos para os pequenos, médios e grandes produtores de banana, bem como o agricultor familiar. Nosso trabalho é transparente e sempre em parceria com o MAPA e o setor produtivo”, explica o diretor-geral da ADAB, Oziel Oliveira. 

O Plano já foi apresentado para todos os setores à cadeia produtiva, órgãos públicos, privados e representantes do setor produtivo, com medidas para mitigação de risco em áreas foco, que consistem em formas de convivência com a praga, como já acontece nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Maranhão e Ceará. “Trabalhar com a erradicação da Sigatoka-negra, uma vez introduzida, é impraticável diante da facilidade de disseminação e condições climáticas favoráveis”, informa o diretor de Defesa Sanitária Vegetal, Armando Sá. 

O Plano também já foi encaminhado ao MAPA e uma auditoria será realizada para averiguar se, nas regiões que estão sendo apontadas como livres, realmente não há presença da praga. "Amostras serão coletadas e encaminhadas para análise laboratorial e, se não houver a detecção, será possível reconhecer as regiões produtoras como áreas livres", acrescenta Sá. 

Controle do Trânsito 

O fungo causador é facilmente dispersado, não apenas pelo vento, insetos e outros organismos, mas principalmente por material vegetal e qualquer superfície. Por isso, as caixas de plástico devem ser higienizadas e os de madeira têm que ser de primeiro uso para o transporte entre regiões produtoras de banana. 

O fiscal estadual agropecuário e coordenador do Projeto Fitossanitário da Sigatoka-negra, Alessandro Oliveira, esclarece que o controle do trânsito de vegetais é de extrema importância para impedir que hospedeiros e material propagativo entrem e proliferem as pragas nas lavouras. “A BR-101 constitui uma importante rota de risco para a disseminação do patógeno, pois atravessa sete estados com ocorrência da praga e, dentro da Bahia, ora percorre áreas com e ora sem Sigatoka-negra, exigindo uma intensa fiscalização do trânsito. Por isso o Plano também propõe a readequação dos postos fixos de fiscalização do trânsito da Adab”, diz o coordenador. 

Alessandro ainda explica que a principal característica do Recôncavo Baiano é receber cargas de outros estados e do interior, e distribuí-las para todo o território baiano, constituindo assim alto risco de disseminação. Já o Extremo Sul recebe cargas do território capixaba, que são distribuídas na microrregião de Porto Seguro, representando também alto risco de disseminação. “Com o controle de trânsito para proteger as áreas livres e a adoção de variedades resistentes, estudadas pela Embrapa, nas áreas com a presença da praga, acreditamos que seja possível manter a ocorrência da Sigatoka-negra sob controle", complementa Alessandro. 

Em 2006, a Bahia foi o primeiro Estado brasileiro, declarado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), como Área Livre da Sigatoka-negra, constatada no país em fevereiro de 1998, no Amazonas, e, atualmente, está presente em dezesseis Unidades da Federação.
Ascom Adab, 25/04/2016 

Assessora de Comunicação: Amanda Almeida
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