A praga já atinge a região Metropolitana de Salvador, o Recôncavo Baiano e o Extremo Sul, causando danos nas lavouras comerciais de café e cacau, com prejuízos que podem chegar a 30% da produção.
Em 2013 foi detectada a presença da Cochonilha Rosada na Bahia e, por se tratar de uma ameaça fitossanitária às lavouras, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, realiza o primeiro workshop sobre o manejo integrado da praga. Com o objetivo de elaborar uma proposta de manejo para minimizar os danos econômicos ao agronegócio baiano, o encontro interinstitucional teve início ontem (27) e encerra no final do dia de hoje (28), no auditório da Superintendência Federal de Agricultura do Estado (MAPA/ SFA-BA), no largo dos Aflitos, em Salvador.
Durante a abertura, o diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres, ressaltou a importância do trabalho interinstitucional e multidisciplinar, desejando um bom trabalho a todos, uma vez que o resultado do encontro servirá para definir diretrizes da atividade de manejo no campo. Na Bahia a praga já atinge a produção de café e cacau. “A nossa expectativa é reduzir os danos econômicos para o produtor e impedir que a Cochonilha se dissemine para outras regiões da Bahia e a outras culturas, como a soja e o algodão, além de garantir a fitossanidade dos cultivares baianos”, disse Torres. De acordo com o pesquisador da Ceplac, Kazuiyuiki Nakayama, mais conhecido por Dr. Kazoo, os prejuízos na produção de cacau podem estar em torno de 30% no Sistema Cabruca, sem controle químico.
Na manhã de ontem, o superintendente de sanidade Vegetal da SFA-BA, Cláudio Apê Freire, falou sobre o histórico e status da praga no Brasil, atualmente presentes em Roraima, Mato Grosso, Espírito Santos, São Paulo, Rio Grande do Sul, e no Nordeste, Bahia e Alagoas.
“Estamos vivendo um momento de quebra de paradigmas para a fitossanidade brasileira e a Helicoverpa armígera veio para marcar o tempo. A Cochonilha é uma realidade, por isso precisamos utilizar o manejo integrado de pragas e conscientizar os produtores sobre a eficiência de medidas, como o controle biológico”, acrescentou a coordenadora do Projeto Fitossanitário dos Citros, Suely Brito,representando o diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, Armando Sá.
“O controle físico e químico são ineficientes no combate à Chochonilha Rosada, pois o inseto vive em locais protegidos. O que está funcionando é o controle biológico, utilizando os insetos predadores, como as joaninhas, e os parasitoides, como as vespinhas”, acrescentou a professora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Ana Lúcia Peronti, ao relatar sobre o projeto de pesquisa sobre a Bioecologia da Cochonilha Rosada, baseado também nas experiências do Havaí e Austrália no combate a praga.
O pesquisador Nilton Sanches, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, iniciou o período da tarde de ontem com informações sobre perspectivas de utilização da Cryptolaemus montrouzieri no manejo da Cochonilha Rosada. Um tipo de joaninha destruidora de Cochonilha, utilizada na China e na Índia de forma eficiente no controle biológico. O trânsito de mudas e sementes também foi discutido neste workshop, por ser considerado o principal meio disseminador de pragas.
Na manhã de hoje foram formados grupos, divididos por eixos temáticos, para discutir e elaborar propostas que serão a encaminhadas para determinar a forma de trabalho a ser seguida no controle e manejo da praga.
O encontro foi realizado em parceria com a Embrapa, o Ceplac, Sueba/ Cepec e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O evento contou com a presença de 45 participantes, dentre eles os representantes da EBDA e de quatro outros Estados da União: Espírito Santo, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. A Adab marcou presença com 15 servidores, representando o Extremo Sul, o Baixo Sul, Região Metropolitana, Agreste e Litoral Norte.
A detecção da praga na Bahia
Um dos temas abordados foi o histórico e status da praga na Bahia. A equipe de trabalho foi preparada, após treinamento teórico e prático realizado pelo MAPA, que solicitou, em caráter de urgência, que os estados realizassem um levantamento para determinar o status de ocorrência da Cochonilha Rosada, a fim de subsidiar a legislação federal que tratará do manejo da praga.
A equipe da Adab concentrou esforços para realizar o levantamento de campo nas principais áreas de risco, a exemplo de rodovias federais em proximidade com áreas de ocorrência e locais onde se possam encontrar hospedeiros preferenciais, como o hibisco, graviola, cacau, uva e citros. “Assim, no final de março de 2013, iniciamos os trabalhos em hortos e jardins da região metropolitana, oportunidade em que material suspeito foi coletado e encaminhado para especialistas”, acrescentou a fiscal estadual agropecuária e coordenadora do Projeto Fitossanitário dos Citros, Suely Brito, que, juntamente com a bióloga Consuelo Nunes e com apoio da entomologista Clarice Dias da EBDA, no Centro de Treinamento de Laboratórios da Agropecuária (CLA), foram responsáveis por treinar a equipe para identificação da praga.
A praga foi detectada, com confirmação oficial em agosto do ano passado, na região Metropolitana de Salvador, do Recôncavo Baiano, infestando espécies ornamentais, e no Extremo Sul, causando danos em lavouras comerciais de cacau e de café.
De acordo com o Diretor de Defesa Vegetal, Armando Sá, ainda não se sabe sobre o impacto econômico que esta praga possa trazer às áreas de cultivos comerciais e de subsistência da Bahia, lembrando que existem grandes oportunidades no manejo da Cochonilha, graças aos avanços nas pesquisas científicas.
A Cochonilha Rosada
Esta praga é uma espécie extremamente polífaga, afetando pelo menos 76 famílias botânicas e mais de 200 gêneros em todo o mundo. Algumas das famílias de cultivos mais importantes incluem cítricos, cacau, chili doce, pepino, mamão, batata-doce, figo, café, uva, legumes, ervas, hibisco (rosa graxa) e palmeiras ornamentais. Ela suga a seiva e injeta substâncias tóxicas na planta, debilitando as culturas e comprometendo a produtividade dos vegetais. A cochonilha é facilmente disseminada pelo vento, pela chuva, por meio de pássaros, formigas e veículos.
A presença da praga em uma planta hospedeira é denunciada por um aglomerado de corpos macios do inseto, de aspecto branco pulverulento, semelhante à textura do algodão, deixando, em casos extremos, a planta toda coberta. Também favorece ao aparecimento de “fumagina” um fungo de coloração negra e que interfere na capacidade fotossintética do hospedeiro. Com isso, ocorre a diminuição da velocidade de crescimento dos brotos jovens, podendo inclusive levá-los à morte. Esta “cobertura” também impede que muitos agrotóxicos sejam efetivos no controle da Cochonilha Rosada e, em decorrência desse quadro descrito, há uma redução drástica na produtividade da planta.
Ascom Adab
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