A Bahia ganhará Biofábrica para produção de inimigos naturais (insetos) no Recôncavo Baiano, como forma efetiva de controle biológico da Mosca Negra dos Citros(Aleurocanthus woglumi). Esta recomendação está contemplada no Plano de Ação do Controle da Mosca Negra dos Citros da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri). 

A estrutura será viabilizada na sede do Serviço Territorial de Apoio às Agriculturas Familiares (Setaf), em Cruz das Almas, com a capacidade de reprodução de cerca de um milhão de insetos predadores, destaques para o Bicho Lixeiro (Ceraeochrysa cornuta), que passou a se alimentar intensamente das ninfas de mosca negra, e as joaninhas (Delphastus pusillus). 

“Estamos focados em resolver o problema fitossanitário dos citricultores na Bahia, cultura que representa uma importante fonte de emprego e renda para médios produtores e agricultura familiar (80 a 90%), principalmente, nos Municípios que compõe o Território do Recôncavo”, disse o secretário da Agricultura, Vitor Bonfim. A Bahia é o segundo maior produtor nacional de citros, com área plantada de quase 64 mil hectares, produzindo 169.928 toneladas de frutos e gerando uma receita bruta de R$ 74,9 milhões (IBGE/SIDRA, 2014). 

Para subsidiar a instalação da Briofábrica, o Governo do Estado enviou uma missão técnica baiana para conhecer o Projeto de Pesquisa em Biocontrole Aplicado da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), coordenado pelo Professor de Entomologia Agrícola e Pesquisador Dr. Wilson Melo Maia. A equipe foi composta pelos servidores da ADAB, o fiscal estadual agropecuário Marcos Humberto S. Silva e a auxiliar de fiscalização Maria Aparecida C. de Almeida, e pela engenheira agrônoma da SETAF de Cruz das Almas, Andrea Cunha, tendo como objetivo obter o conhecimento necessário para dimensionar, implantar e gerir uma Biofábrica de inimigos naturais para o controle da mosca negra dos citros. 

De acordo com Marcos Humberto Silva, inicialmente, a Biofábrica vai prospectar os inimigos naturais da A. woglumi existentes no Recônvaco Baiano, para depois reproduzir os insetos. “Durante a missão foi possível verificar em pesquisas um bom controle da Mosca Negra dos Citros pelo parasitismo de microvespas, com relatos da ordem de 90% (Silva, 2005). Nos municípios de Belém, Capitão Poço e Irituia no estado do Pará, observou-se a presença dos himenópteros Encarsia sp. e Cales noacki Howard, sendo o último, um eficiente parasitóide para esta praga”, acrescentou. 

A Biofábrica será gerida por uma cooperação entre a SEAGRI/ADAB e SDR, com o apoio técnico da EMBRAPA/CNPMF e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), podendo contar ainda com outras Instituições de Pesquisa, tais como a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. 

Plano de Ação do Controle da Mosca Negra - Controle Químico e Biológico 

O diretor-geral da ADAB, Marco Vargas, relata que, com a chegada da mosca negra dos citros no Recôncavo Baiano, desde 2013, os citricultores começaram a perceber que as plantas se tornaram enegrecidas, apresentando uma redução de novos lançamentos foliares e consequente redução na produtividade dos pomares. “Em geral, nos países com a presença da praga, a mosca negra pode causar de 20 a 80% de perdas na produção, não apenas de citros, como a de outras fruteiras. Quando o ataque severo se dá nas plantas ainda novas ou em fase de mudas, pode levá-las à morte”, completa o diretor de Defesa Sanitária Vegetal, Armando Sá. 

A primeira ação de controle à Mosca Negra do Citros é a supressão populacional por meio de duas aplicações de agrotóxicos, com intervalo de 20 dias, e também com produtos alternativos, como óleo vegetal e detergente neutro. Feito isso, os inimigos naturais reproduzidos na Biofábrica (proposta de criação contemplada no Plano) serão liberados por inundação nos pomares cítricos. 

“As aplicações de inseticidas podem ajudar a reduzir temporariamente as infestações de mosca negra, mas esta tática de controle não é recomendada devido ao alto custo das aplicações, aos perigos ao meio ambiente, aos animais, aos inimigos naturais e ao próprio homem. Devem-se manter as plantas atacadas saudáveis, através de um bom manejo do solo e adubação para que as mesmas recuperem os nutrientes perdidos pela infestação de mosca negra”, disse a coordenadora do Projeto Fitossanitário dos Citros, Suely Xavier. 

Os agricultores também são orientados e incentivados a adotarem boas práticas de manejo da cultura, especialmente com o uso de mudas de boa qualidade, uso racional de fertilizantes e dos recursos naturais. 

19/08/2016
Amanda Almeida
Assessora de Comunicação
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