Matadouro frigorífico inicia atividades para exportar peles para a China, a carne será fornecida aos animais do zoológico e o restante transformado em ração animal.

Com a regulamentação e fiscalização do abate de equídeos no Serviço de Inspeção Estadual (SIE), pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), por meio da Portaria nº 255, de 06/07, o único estabelecimento habilitado para esta atividade, em Miguel Calmon, iniciou o abate de cerca de 300 jumentos (asininos), na segunda-feira (11). A atividade foi inspecionada por quatro médicos veterinários da Agência, com o objetivo de conferir se todas as exigências higiênico-sanitárias e de bem-estar animal foram cumpridas.

O objetivo é organizar toda a cadeia produtiva de equídeos (asininos) e desenvolver o agronegócio baiano com a abertura de novos mercados, com foco na exportação de pele para a China, considerando o cumprimento do protocolo de cooperação e acordos internacionais realizados pelo Governo da Bahia em recente visita àquele país.

Para o secretário da Agricultura, Vitor Bonfim, o abate de jumentos vai movimentar a economia do Município, do Estado e do País, gerando mais empregos e renda. “Quando decidimos autorizar o abate, sabíamos das opiniões controversas, mas tomamos todos os cuidados quanto ao bem-estar e sanidade animal, a segurança e qualidade da carne e os procedimentos de beneficiamento da pele para tornar o negócio viável”, disse Bonfim.

Antes do abate, os animais são encaminhados a uma propriedade de espera, onde serão coletados materiais para exames clínicos e laboratoriais, quando necessários. Só são abatidos os animais que pesem, no mínimo, 100 quilos. O abate de asininos vai acontecer apenas às segundas-feiras para possibilitar uma limpeza completa do estabelecimento que abate, principalmente, bovinos. O procedimento é praticamente igual ao abate de bovinos, ficando confinados em currais durante 24 horas, apenas com dieta hídrica. Depois são conduzidos através de corredores para as instalações do matadouro frigorífico.

O estabelecimento está dotado de instalações, equipamentos e utensílios adequados para o abate, bem como para a manipulação, acondicionamento e conservação, permitindo a segregação em câmaras frias exclusivas para este tipo de abate. O animal é insensibilizado antes do abate, atendendo às exigências de um abate humanitário, explica o coordenador de inspeção da ADAB, o médico veterinário José Ramos. “Não existe muita diferença para o abate de bovinos, igualmente a estes é obrigatório que estejam acompanhados de Guia de Trânsito Animal (GTA), documento de rastreabilidade e controle sanitário, e a realização de exames de mormo, quando o destino da carne for a alimentação animal”, completou Ramos.

A Bahia possui o segundo maior rebanho de equino do país, com 485.356 animais. Em relação aos rebanhos de asininos e muares, o Estado desponta na primeira posição em ambos os rankings, com um rebanho de pouco mais 230 mil asininos e cerca de 260 mil muares. Para o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Animal da ADAB, Willadesmon Silva, com a regulamentação do abate é possível resolver ou minimizar um dos principais problemas do estado de forma humanitária e ética, que são os animais errantes, abandonados e sem responsáveis, bem como sem valor zootécnico, de reprodução ou com graves lesões que impossibilitam a sua utilização para o trabalho. Estes animais podem provocar acidentes em rodovias e também podem ser agentes disseminadores de doenças infecciosas e zoonoses.

“Parte dos animais será proveniente de capturas realizadas em rodovias estaduais e federais, em parceria firmada com a SEINFRA, DNIT e Polícias Rodoviárias Estadual e Federal, já que a maioria não é resgatada pelos proprietários e em leilões também não são arrematadas por não terem valores comercial ou zootécnico. Mas a maior parte será adquirida de vários criadores da região, que chegam a receber até “R$ 70 por animal”, esclarece Willadesmon.

O diretor-geral da ADAB, Marco Vargas, diz que a portaria do Governo é clara e impede que a carne de jumento seja usada para o consumo humano, “considerando que o consumo de carne de equídeos não faz parte da nossa cultura, além de existir legislação que proíbe o abate para esta finalidade. Mas como forma de aproveitamento, a carne dos animais abatidos será doada ao zoológico de Salvador, que vai alimentar vários carnívoros e o excedente vai ser transformado em ração animal, em uma graxaria (fábrica de produtos não comestíveis)”, acrescenta o diretor-geral, ressaltando que a autorização é temporária e as carnes receberão rotulagem com os dizeres “Produto não Destinado à Alimentação Humana”.

De acordo com o gerente do frigorífico, Israel Augusto, a crise econômica diminuiu bastante a produção de gado de corte e afetando diretamente os empregos do abatedouro que tinha cerca de 130 funcionários e hoje tem 86. “Ainda sem ter fechado todos os cálculos sobre os lucros da nova atividade, estima-se que o faturamento do abatedouro deve aumentar em torno de 40% com a exportação do couro jumento para a China”, disse o gerente, tendo a expectativa de que, até o fim de julho, cerca de 2 mil peles sejam exportadas.

O frigorífico regional de Miguel Calmon (Frigocezar) está instalado a 12 quilômetros do centro de Miguel Calmon, no Território Identidade Piemonte da Chapada Diamantina, e funciona sob inspeção estadual.

13/07/2016
Amanda Almeida – Assessora de Comunicação
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