A 80ª Sessão Geral da Assembléia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) confirmou a mudança status sanitário do Brasil para Encefalopatia Espongiforme Bovina - EEB (conhecida vulgarmente como doença da Vaca Louca). Agora todo o país passa da classificação de risco controlado para insignificante, promovendo a abertura de mercados para carne in natura com osso e animais vivos. Com isso o Brasil passa a disputar mercados com a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia, aumentando em 20% a receita das exportações em 2012.
O reconhecimento ocorreu ontem (23), por unanimidade, na sede da entidade em Paris, e deve trazer grandes avanços para a agropecuária baiana que contribuiu para esta conquista sendo o primeiro Estado brasileiro a instituir uma legislação específica para o controle do Mal da Vaca Louca: a Portaria Estadual 441 de Outubro de 2008. “Nosso papel agora é ajudar o Brasil a manter essa classificação e avançar em relação a outras doenças”, destacou o Secretário de Agricultura, Eduardo Salles, ao receber a notícia do Ministério da Agricultura. “O Estado da Bahia agora vai fortalecer ainda mais o serviço vigilância já que as barreiras comerciais e sanitárias determinam os novos rumos da defesa agropecuária em todo o mundo”, destacou Salles, lembrando que a alteração favorecerá ainda a retomada do mercado de tripas para a União Européia, estimado em US$ 100 milhões anuais, além da exportação de bovinos vivos para países vizinhos como Argentina, Uruguai e Paraguai.
Mais de 170 países integram a OIE e desses, apenas 19 possuem risco insignificante para a EEB. “Fazer parte desse grupo restrito é uma enorme responsabilidade”, disse o diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Paulo Emílio Torres. “A Bahia nunca registrou casos de Vaca Louca, pois, além de ter a maior parte do seu rebanho criado a pasto, aplica todas as medidas internacionalmente recomendadas de vigilância e de mitigação de risco”, ressaltou Torres, lembrando que em março deste ano o Estado concluiu os estudos qualitativos sobre classificação de risco para Mal da Vaca Louca para determinar as áreas de maior vulnerabilidade na Bahia.
“A determinação e classificação de áreas de risco ofereceram importantes subsídios para a otimização das ações por parte dos Estados, racionalizando recursos humanos e financeiros nas tarefas em campo, evitando que a doença chegue aos plantéis brasileiros”, esclareceu o diretor de Defesa Animal da Adab, Rui Leal. O estudo da Bahia resultou em um mapeamento, apontando os municípios com maior probabilidade de ocorrência da EEB nos polos de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Barreiras e Ribeira do Pombal.
A partir desses dados a Agência elaborou ações preventivas direcionadas. “A vantagem desse tipo de estudo é a possibilidade de estabelecer ações específicas para cada região, facilitando o desenvolvimento das medidas de prevenção e das atividades de rotina da defesa agropecuária”, esclareceu o Coordenador do Programa de Raiva dos Herbívoros e Fiscal Estadual Agropecuário da Adab, José Neder. “Com isso, temos condições de tornar mais eficiente a defesa agropecuária no Estado, mantendo os rebanhos da Bahia e do Brasil livres do mal da Vaca Louca”, completou Neder, informando que ao longo deste ano a Adab vai atuar em todos os municípios baianos, com atenção especial para as áreas de risco.
Entre as atividades desenvolvidas pela Adab, destacam-se a vigilância em alimentos para ruminantes com a fiscalização de propriedades que alimentam seus animais no cocho, fiscalização em frigoríficos da rede estadual para observar o cumprimento das medidas preventivas contra a EEB, vigilância em campo dos animais suspeitos ou com sintomatologia nervosa e ações de Educação Sanitária em parceria o Ministério Público Estadual e com a Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb). “O setor privado tem colaborado, fazendo a sua parte, junto aos órgãos públicos, dando o apoio necessário, sobretudo no que tange à conscientização dos criadores que atendem prontamente ao chamado do Governo para o alcance do êxito das atividades de defesa em campo”, frisou o presidente da Faeb, João Martins.
Vale ressaltar que nos últimos sete anos também não houve importação de bovinos vivos ou de farinha de ruminantes de países considerados de risco para a doença. “A Bahia vem intensificando a vigilância epidemiológica, visando a prevenção da ocorrência da EEB no Estado desde 2008, seguindo o que preconiza as normativas federais”, ressaltou a Superintendente Federal da Agricultura, Virgínia Hagge. “Por isso, agora temos o desafio compartilhado de manter esse status por parte dos serviços veterinários oficiais”, finalizou.
Ascom / Adab