Com o objetivo de desenvolver ações para prevenir a introdução da Monilíase do Cacaueiro em território nacional, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, assinará na próxima semana Termo de Cooperação Técnica com seis estados da região Norte do país. A assinatura acontecerá durante visita do Secretário Eduardo Salles e do Diretor Geral da Adab, Paulo Emílio Torres, às capitais do Acre, Rondônia, Amapá e Roraima. Os estados do Pará e Amazonas também farão parte do convênio, visando a implementação de medidas para retardar a entrada da Monilíase, considerada uma das mais graves doenças da cacauicultura no mundo, e que causa perdas entre 50% a 100% dos frutos produzidos.
Somente na safra 2010/2011 a Bahia e demais estados da região Norte produziram 198 mil toneladas de cacau. Ao assinar os convênios, a Bahia pretende colaborar com as demais unidades da federação, manter a primeira colocação no ranking nacional da produção de cacau e o status de Área Livre da Monilíase, já que a cacauicultura é uma atividade de importância econômica, social e ambiental em território baiano. “Ainda que o Brasil permaneça como indene para Monilíase, faz-se necessário a implementação de medidas de exclusão, visando evitar ou retardar a introdução desta praga, pois as tentativas de erradicação ou contenção da doença não obtiveram êxito em outros países”, alerta o Secretário da Agricultura, Eduardo Salles, lembrando que o risco de introdução da praga no território brasileiro e sua disseminação para os demais estados produtores de cacau é cada vez maior, haja vista o aumento do trânsito de pessoas entre as regiões com ocorrência da Monilíase na costa oriental da Cordilheira dos Andes e os estados brasileiros fronteiriços.
A Bahia é classificada como área de baixo risco para introdução da praga, mas as ações de prevenção desenvolvidas pela Adab acontecem durante todo o ano desde 2002. “Temos que estar atentos porque a praga pode ser disseminada através do vento, pelo trânsito de pessoas ou de material vegetal infectado”, esclarece o Diretor Geral da Adab, Paulo Emílio Torres, citando a Estrada do Pacífico, que liga o Porto de Matarani, no Peru, ao município de Assis Brasil, no Estado do Acre, a consolidação da Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), que liga Figueirópolis (TO), ao Complexo Intermodal, Ilhéus (BA), a malha viária existente e linhas aéreas e de ônibus interligando essas regiões, como áreas de risco de introdução da praga, uma vez que os acessos estão encurtando as distâncias, aumentando o fluxo de pessoas e material vegetal das regiões onde ocorre a Monilíase que é endêmica no Noroeste da América Latina, países da América Central e o Brasil.
Prevenção - Considerada como uma das mais graves doenças da cacauicultura no mundo, a Monilíase é causada pelo fungo Moniliophthora roreri, e foi registrada pela primeira vez no Equador em 1917 de onde se disseminou para a Colômbia (1930), Venezuela (1941), Panamá (1949), Costa Rica (1978), Nicarágua (1980), Peru (1988), Honduras (1997), Belize (2002) e México (2005). Atualmente a praga foi identificada no Peru, em Pucallpa e Puerto Maldonado, a 80km e 250km, respectivamente, da fronteira Brasil-Peru. “Por isso os órgãos de defesa sanitária estão unindo esforços, objetivando evitar e prevenir a chegada da praga nos estados e, assim, resguardar o agronegócio cacau em todo o país”, salienta o Diretor de Defesa Vegetal da Adab, Armando Sá, citando o Projeto Fitossanitário de Prevenção à Monilíase elaborado pela Bahia como ponto de partida para proteger a cacauicultura nacional.
No Estado da Bahia as ações integradas de defesa sanitária vegetal, aliam educação, pesquisa e assistência técnica. O Plano de Contingência da Monilíase tem como principais estratégias a prospecção de detecção, o monitoramento de unidades de produção, a formação de equipes de emergência fitossanitária, a fiscalização do trânsito de material vegetal, a Educação Sanitária e o apoio à pesquisa. Todas as ações estão sob a coordenação do Comitê Técnico de Prevenção à Monilíase, criado em Junho de 2011 e composto pela Adab, Ceplac, SFA/MAPA/BA, EBDA, Seagri, Faeb, IF-Baiano e UESC. Em agosto do mesmo ano, durante reunião da Câmara Setorial Nacional do Cacau, a Adab apresentou as ações de prevenção desenvolvidas no Projeto Fitossanitário de Prevenção à Monilíase. Como encaminhamento foi sugerido a realização de Workshop sobre o tema e a posterior apresentação de Instrução Normativa regulamentando o Plano Nacional de Contingência da Monilíase.
Em 2009 a Adab realizou, em parceria com a IQS Consultoria e a Ceplac, o primeiro Curso de Emergência Fitossanitária para a Monilíase do Cacaueiro, com a participação de Fiscais Federais e Estaduais. Em 2011 foram prospectadas e instaladas 139 unidades de monitoramento nos Territórios Litoral Sul, Baixo Sul e Extremo Sul, capacitados 144 multiplicadores envolvendo Engenheiros Agrônomos e Técnicos Agrícolas da Adab e Ceplac, realizados 38 encontros técnicos com 675 pessoas mobilizadas e distribuição de 362 cartazes e 1.743 folders.
Desde 2002, a Adab fiscaliza a internalização de sementes de pupunheira lisa proveniente do Peru e do Estado de Rondônia, num total de 113.770 kg de sementes. “Numa ação proativa, Adab e o MAPA harmonizaram protocolo para internalização de sementes e mudas de pupunha no Estado da Bahia, cujas partidas adentram o território baiano pelo município de Vitória da Conquista. Elas são submetidas a tratamento fitossanitário, reensacadas e a sacaria de origem incinerada, sob a supervisão da Adab e da SFA/MAPA/BA”, detalha a coordenadora do Projeto contra a Monilíase e Fiscal Estadual Agropecuária da Adab, Catarina Cotrim, ressaltando que, anualmente, são realizadas inspeções fitossanitárias aos viveiros e áreas produtoras de pupunha na região do Sul da Bahia.
Ascom / Adab