Os municípios dos Territórios Identidade Sertão Produtivo e Velho Chico, que englobam as regiões de Bom Jesus da Lapa, Igaporã, Malhada, Matina e Riacho de Santana, adquirem novo fôlego para retomar a produção de algodão. A Portaria n°229 de 1° de junho de 2016, da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri), suspende o vazio sanitário - período de ausência de plantas vivas do algodoeiro “soqueira e tigueras” no campo – do algodão nessas regiões, por dois anos, mediante atendimento das exigências preestabelecidas. Reunidos com produtores da região, o secretário da Agricultura, Vitor Bonfim, técnicos da ADAB e demais representantes de instituições ligadas ao segmento, esclareceram os detalhes da nova portaria e os impactos que a medida pode causar na produção. O encontro aconteceu no estande da SEAGRI, na sexta-feira (3), no Parque de Exposição Gercino Coelho, durante a 28° edição da EXPOGUANAMBI.

“A produção de algodão crescia na região, porém diante intensa escassez de chuvas, nos últimos três anos, registrou-se queda de 30 mil arroubas para 12 mil e agora oito mil arroubas, migrando de 250 mil hectares plantados, na década de 80, auge da cotonicultura (produção de algodão) no sudoeste, para os atuais 8 mil ha na safra 2015/2016. A produção de algodão, por conta das condições climáticas da região é a principal atividade viável e com potencial de crescimento, podendo se tornar um vetor de desenvolvimento como já acontece na região oeste, de forma sustentável, sem colocar em risco a sanidade vegetal do Estado”, destacou o secretário da Agricultura.

A portaria faz uma adequação à normativa federal, que estabelece o vazio sanitário para a cultura do algodão no Estado da Bahia, no período de 20 de setembro a 20 de novembro de cada ano, como já acontece em outros estados, a exemplo de Minas Gerais, que exclui da obrigatoriedade as propriedades produtoras de algodão localizadas abaixo de 600 metros de altitude nas regiões Noroeste e Norte de Minas. “O Estado de Minas faz fronteira com a região baiana e possui condições de clima e solo semelhantes. O sudoeste não deve efetuar o plantio do algodão da mesma forma que o oeste, diante da distinção climática e nível pluviométrico entre as regiões”, relatou Bonfim. 

Todos os produtores de algodão deverão cadastrar suas propriedades na ADAB, até o dia 20 de novembro de cada ano. Os cotonicultores (produtores de algodão) das regiões contempladas com a suspensão do vazio, que querem fazer parte do regime, devem se cadastrar na Associação Baiana dos Produtores de Algodão – ABAPA, até o dia 10 de setembro de cada ano, munidos das seguintes informações: nome do produtor, da propriedade e do município, e coordenadas geográficas da propriedade e da área plantada. Nessas propriedades, não será permitida a presença de estruturas reprodutivas (botão floral e maçãs), os quais deverão ser exterminados através de processos mecânicos, químicos ou conjugados, facultando a possibilidade da utilização de pastejo de animais. O não cumprimento desses procedimentos, implicará na obrigatoriedade imediata do vazio sanitário. 

As propriedades serão monitoradas pela ABAPA e fiscalizadas pela ADAB. No período de dois anos de suspensão do vazio, através do monitoramento e análise dos riscos, com o suporte dos institutos de pesquisa, serão mensurados os resultados e impactos da mudança, como forma de prevenção contra doenças e pregas nas lavouras, a exemplo do Bicudo (Anthonomusgrandis), besouro considerado a principal praga do algodoeiro. A ADAB fará a inspeção das propriedades, como já acontece, e diante do não cumprimento das exigências sanitárias estabelecidas o produtor será multado. “Só atestaremos os reais efeitos desta modificação nas safras 2016/2017 e 2017/2018, quando, através da pesquisa, os resultados da portaria estarão respaldados cientificamente”, explicou Bonfim.

O diretor de Defesa Vegetal da ADAB, Armando Sá, afirma que “o algodão revolucionou e enriqueceu a região oeste do Estado e temos que fazer o mesmo aqui no sudoeste. Vale ressaltar que o vazio não deixou de existir, foi aberta apenas exceções para alguns municípios”. 

Ascom Seagri – 5 de junho de 2016
Viviane Cruz – DRT-BA 4735